Da Carne Mística
Na rodoviária, Boris pede informação a um cidadão encostado
num cilindro fino de concreto e ferro:
-Hotel o quê? – pergunta o cidadão de cara amarrada.
-Flora! – repete Boris, com a ajuda sussurrada de Duharte.
O cidadão toca suavemente o pulso, e. Em sua frente um
holograma retangular de 14 polegadas se abre. Numas opções sugeridas. Uns vinte
hotéis com esse nome.
-Tem referências ou proximidade?
Boris abre o papel novamente:
- Solares...
O homem escreve solares no ar, na tela no ar.
-Aqui, olha só! Hotel Flora, na região Solares! Chique, hein!
Tem cápsula a disposição e tudo. Vou pedir uma pra vocês. Pronto.
Pasmos com o que jamais viram na vida de cidade pequena,
questiona Duharte.
-Desculpa moço, mas o que é cápsula? E... Como esse troço
florescente apareceu na sua vista?
-Vocês são de onde? – pergunta (inclusive pontuamos pela primeira vez) inconformado
o cidadão.
-Somos da cidade pequena. – acerta Duharte.
-Ora, porque não disseram antes, primeira vez aqui na Cidade
Grande? Eu posso ajudá-los, mostrar uns lugares turísticos, umas novidades...
-Pois é, preciso de novidades! – alerta Boris.
-Olha só! Chegou a cápsula!
Uma cabine voadora, retangular oval esbranquiçada, pousa na
frente e uma porta se abre sem ninguém ao comando, onde um único banco no meio;
os três se sentam enfileirados de pernas abertas e sem encosto. Uma verdadeira
cápsula minúscula onde cabem os três e as duas pequenas mochilas.
-Essa é a cortesia daqui. Vocês vão ficar doidos com essa
maquininha.
Boris procura cinto de segurança, mas o cidadão diz que não
é necessário ‘pois as cápsulas não se encostam.’
*
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