In Coma
A porta abre e um oriental de terno escuro, alto, de ombros largos e com um palito de dente vegetal na boca fica de frente para Joel. Em seguida outros três se posicionam atrás na sala úmida, Máfia Chinesa! O Chinês-chefe conversa com os seus perguntando a razão do indivíduo nu ali. “É polícia”. Uma gota.
Os orientais conversam enquanto o Chinês-chefe o encara.
Joel não é da polícia, trabalha como diretor executivo de uma empresa de produtos de limpeza. Nada a ver com a China, nem sabe o que é ser comunista e nem tem objetivo em acabar com as desarrumações desses sujos com o mundo. Ele não sofre com pirataria chinesa em seus produtos. Joel é o cara errado.
O Chinês-chefe chega mais perto do homem nu sendo torturado. Uma gota. Ele, então, estende a mão para um dos seus e pede a madeira encostada na parede. Joel treme de frio e de pavor. O caibro é lentamente levantado e desce brutalmente em seu joelho esquerdo, que sente pouco devido à anestesia de ficar por horas na mesma posição. Um barulho de vidro quebrando fora da sala úmida desconcentra o ato. Joel sente mais uma gota de água sobre seu crânio cabeludo e molhado da gota de água que cai por catorze horas e meia de tortura suave e feroz. Brutal é a gota.
Joel está fraco. O chefe recebe a notícia que o homem que estão torturando é o homem errado. Uma gota. Seus homens lhe trouxeram outro cara. O cara certo! Os orientais que saíram à procura do tal policial o acharam, enquanto os outros pegaram Joel por engano. O Chinês-chefe passa as mãos pelo rosto como se estivesse pensando na barbárie que fizeram com o coitado. O homem que eles queriam de verdade está com o rosto inchado de tanto apanhar, os olhos estão roxos; o sangue está esparramado por todo o seu corpo. O Chinês-chefe manda levarem o suposto policial para outro lugar. Os olhos do novo capturado ainda reencontram o de Joel antes de sair da sala úmida. Num gesto simples, usando o indicador, o líder ordena um dos seus mata-lo e sai, deixando a função para os seus homens. Uma gota. O chinês mais novo, sem demora, puxa o revolver por trás do blazer de couro de cobra e, a uma distância de três metros, atira na direção de Joel, que está amarrado com os olhos fechados. A última imagem que viu foi a do chinês filho da puta apontando-lhe a arma. Fechou seus olhos para pedir proteção, mas não deu tempo. A bala tomou a direção da barriga, sentiu a dor, mas não teve como se contorcer. Uma gota. A bala se instalou por dentro. Seu pensamento fluiu. A morte. Uma gota. A dor mais intensa e densa, a dor queima seu mundo, seu pensamento, seu corpo e sua alma. O coração bate mais devagar, diminui a pulsação; O cérebro vai despejando todos os seus momentos vivos, numa seqüência rápida. Sua infância, sua família, sua adolescência, seu grande amor e suas grandes paixões. Uma gota. Os seus olhos observam as últimas imagens: Uma sala úmida e suja. Sua vida não merece acabar assim. Seu destino não poderia ser pior. A última coisa que sentiu foi uma gota. Uma última gota.
*
Os orientais conversam enquanto o Chinês-chefe o encara.
Joel não é da polícia, trabalha como diretor executivo de uma empresa de produtos de limpeza. Nada a ver com a China, nem sabe o que é ser comunista e nem tem objetivo em acabar com as desarrumações desses sujos com o mundo. Ele não sofre com pirataria chinesa em seus produtos. Joel é o cara errado.
O Chinês-chefe chega mais perto do homem nu sendo torturado. Uma gota. Ele, então, estende a mão para um dos seus e pede a madeira encostada na parede. Joel treme de frio e de pavor. O caibro é lentamente levantado e desce brutalmente em seu joelho esquerdo, que sente pouco devido à anestesia de ficar por horas na mesma posição. Um barulho de vidro quebrando fora da sala úmida desconcentra o ato. Joel sente mais uma gota de água sobre seu crânio cabeludo e molhado da gota de água que cai por catorze horas e meia de tortura suave e feroz. Brutal é a gota.
Joel está fraco. O chefe recebe a notícia que o homem que estão torturando é o homem errado. Uma gota. Seus homens lhe trouxeram outro cara. O cara certo! Os orientais que saíram à procura do tal policial o acharam, enquanto os outros pegaram Joel por engano. O Chinês-chefe passa as mãos pelo rosto como se estivesse pensando na barbárie que fizeram com o coitado. O homem que eles queriam de verdade está com o rosto inchado de tanto apanhar, os olhos estão roxos; o sangue está esparramado por todo o seu corpo. O Chinês-chefe manda levarem o suposto policial para outro lugar. Os olhos do novo capturado ainda reencontram o de Joel antes de sair da sala úmida. Num gesto simples, usando o indicador, o líder ordena um dos seus mata-lo e sai, deixando a função para os seus homens. Uma gota. O chinês mais novo, sem demora, puxa o revolver por trás do blazer de couro de cobra e, a uma distância de três metros, atira na direção de Joel, que está amarrado com os olhos fechados. A última imagem que viu foi a do chinês filho da puta apontando-lhe a arma. Fechou seus olhos para pedir proteção, mas não deu tempo. A bala tomou a direção da barriga, sentiu a dor, mas não teve como se contorcer. Uma gota. A bala se instalou por dentro. Seu pensamento fluiu. A morte. Uma gota. A dor mais intensa e densa, a dor queima seu mundo, seu pensamento, seu corpo e sua alma. O coração bate mais devagar, diminui a pulsação; O cérebro vai despejando todos os seus momentos vivos, numa seqüência rápida. Sua infância, sua família, sua adolescência, seu grande amor e suas grandes paixões. Uma gota. Os seus olhos observam as últimas imagens: Uma sala úmida e suja. Sua vida não merece acabar assim. Seu destino não poderia ser pior. A última coisa que sentiu foi uma gota. Uma última gota.
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