27 August 2009

Da Carne Mística

Boris chega à Companhia de Transporte na rodoviária e compra duas passagens. Seu Junto aparece com mochila nas costas. Duharte atrás dá um salto em Boris.
-Oba! A Cidade Grande! – festeja o retardado.
-Olha Boris, cuide dele.
-Pode deixar Seu Junto, estarei de olhos abertos, ele é meu amigo e não teremos problemas, não é Duharte?
-Duharte, escuta: respeita Boris, não saia andando sem ele porque lá não é igual aqui, lá é a Cidade Grande. Ninguém te conhece como aqui – aconselha Seu Junto dando um abraço apertado em Duharte – Boa Viagem, queridos.
Duharte acena feliz, sobe na frente de Boris e repete ‘boa viagem’ até se sentar na poltrona. No ônibus nem precisa se esforçar para deixar Duharte à vontade, já que o rapaz fala que fala que conta que desconversa muito. No caminho, há paradas para o lanche e para apanhar mais passageiros. Numa delas, na cidade Crescida, um punhado de senhoras entra para a romaria no Dia de Glória da Santidade Obstante. Gente de todo lugar vai pagar as promessas nesse dia especial pelas graças alcançadas e concebidas. As senhoras se sentam nas poltronas e uma delas se levanta, no corredor do ônibus em movimento, e pede para que todos os passageiros orem para que a viagem seja tranquila. Todos aceitam e rezam junto com as vozes das beatas. Assim que as orações cessam, Boris percebe que Duharte está acomodado dormindo. Ele agradece em silêncio.

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