12 August 2006

Amigo the Josué

Essa fonte é conhecida como a fonte de Elias.
O homem que subiu ao Céu numa carruagem de fogo passou seus conhecimentos ali.
Bebeu daquela água, que hoje se diz ser santa.
-Já curou um leproso. – disse Silvanus.
Elias era um herói pra Ele, mas não acreditava em tudo que ouvia.
Ébano acreditava em todas as fantasias descritas por escribas sobre o messias.
Elias era considerado o messias e que viera ao mundo para salvar o povo.
Há oitocentos antes Dele.
-A fonte vai nos dar sorte! – acreditou Silvanus. – Elias nos dará proteção.
Iam em direção a Ptolomaida..
Ébano O observa no caminho.
Está de cabeça pra baixo e chutando pedras pequenas enquanto todos conversam.
-Sabia que Elias andou por essa estrada? – perguntou Ébano.
-Sim, caminhou bastante para ajudar os que mais precisavam. – respondeu. – Mas faz tanto tempo que as coisas se modificaram bastante.
-Verdade! Acho que aquela árvore não estava lá quando Elias passou por aqui.
-Oitocentos anos! Tempo demais. Aquela árvore deve ter trinta no máximo.
-Mas aquela montanha ele viu? – pergunta Ébano apontando para frente.
-Viu. – afirmou. – Aliás, naquela montanha Elias viveu com seus companheiros discutindo o futuro da humanidade.
-Quem te disse isso? – perguntou Ébano.
-O professor. Você devia estar dormindo na aula.
Ele gostava muito das fábulas religiosas.
Achava que tudo era feito para impor de moralidade os povos da Terra.
Achava que o Velho Testamento era um livro feito por escribas homicidas.
Pois já no Gên 4:8 acontece o primeiro homicídio. E depois há guerras.
Depois Sodoma e Gomorra são destruídas por uma chuva de enxofre.
Depois Simeão e Levi pegam suas espadas e matam Siquém.
José é vendido por seus irmãos e Dalila trai Sansão.
-Mas ela cortou os cabelos dele – Disse Nael.
-É a moralidade da história. Ela o traiu. Mas será que ele tinha poder nos cabelos?
Ao longo do caminho foram discutindo os declínios e os contradizeres das escrituras.
Elias era o Homem de Deus, o profeta que subiu ao céu numa carruagem de fogo.
Elias matou os profetas de Baal fazendo-os descerem o ribeiro de Quisom.
Quatrocentos e cinqüenta homens contra o Homem de Deus.
E uma nuvem se formou em cima da cabeça de Elias, era a mão do Senhor.
-Mas essa história de subir em uma carruagem de fogo...-argumentou Nael.
-Depois de matar os profetas, Elias fugiu para uma caverna no Monte Horebe.
-O monte de Deus. – completou Braiim.
-Foi lá que Elias encontrou Eliseu. – disse Nael.
-Eliseu o profeta? – perguntou Ébano.
-Sim. O sucessor de Elias. – respondeu Nael.
-Mas eu não acredito nessa história de subir numa carruagem de fogo. – disse Ébano.
-É mesmo, quem o viu subir?
-Eliseu – disse Ele. – estava junto de Elias e o viu abrir as águas com a espada para atravessarem no seco.
Elias dobrou a capa e um fogo do céu caiu sobre os dois.
Era a carruagem com cavalos de fogo.
Eliseu viu o seu profeta subir ao céu num redemoinho.
Eliseu ficou com o que havia pedido, uma porção dobrada do espírito de Elias.
-A capa? – perguntou Ébano.
-Sim, Eliseu acreditou que a capa tinha o poder de Elias.
-Por isso ele conseguiu fazer aqueles milagres todos. – disse Nael.
-Sim, mas na verdade ele conseguiu pela fé; e não pela capa.
Eliseu aumentou o azeite da viúva; curou Naamã da lepra; fez flutuar um ferro do machado nas águas.
-Mas morreu doente. – completou Ele.
-Ele não ressuscitou alguém? – perguntou Nael.
-Sim, e mesmo morto ressuscitou um combatente. – explicou com seus 14 anos -. Um moabita morto foi lançado sobre a sepultura de Eliseu e, ao tocar seus ossos, reviveu.
Os meninos caminhavam para Ptolomaida e o assunto sobre o passado os fazia esquecer do forte sol do deserto da Galiléia.
Silvanus, a frente, diz para se encontrarem na fonte de Mamom.
A minoria que está atrás confirma a parada de descanso.
Seguindo pelo caminho, Nael diz que seus pais amam a Moisés.
Homem que escreveu os cinco primeiros livros da bíblia. O Pentateuco.
Homem que os sábios acreditam ter o contato diretamente com o Deus.
Homem que escreveu sua morte na parte final do Pentateuco.
Homem que duvidam ter escrito tudo sozinho.
Homem que alguns desconfiam até mesmo de sua vida real.
-Outra história boa. – disse Ébano.
-Ele fez o Nilo virar sangue. – avisou Nael.
-Também abriu o mar vermelho para o povo passar. – lembrou Braiim.
Moisés, como se sabe, foi o primeiro homem a mandar matar os estrangeiros.
Disse que um anjo exterminaria todos os recém nascidos no Egito.
O Homem do Egito teve seus livros traduzidos para o grego.
Mas os egípcios não se serviam do papiro, suas escrituras foram gravadas em madeira.
E em mármore.
Como conta em seus dez mandamentos; as tábuas de pedra.
Quebrou as tábuas de pedra, jogando-as contra um ídolo do povo: o bezerro de ouro. Reduzido a pó mais adiante, juntamente com seu irmão Aarão.
Disse ao povo que se matassem um ao outro, pois a idolatria era pecado.
Cerca de três mil pessoas morreram naquele dia.
Montou cidades e criou os seus nomes.
-Moisés foi o homem em que Deus confiou o verdadeiro caminho da humanidade. – disse Ele.
-Moisés era gago. – polemizou Braiim.
Nael defendeu Moisés, anunciando o castigo para Braiim caso ele não retirasse o que havia dito.
-Mas isso vem de muito tempo, todos que conheço dizem que Moisés era gago.
-Mas Moisés falava com uma multidão, todos já lhe confiavam a benção. – disse Ele. – seria muito difícil uma multidão calar-se diante de um gago sem dar uma gargalhada sequer.
-Mas vejam, isso é a conversa mais explícita. – tentou Braiim.
-Não acredito que um homem como Moisés era gago. – defende Nael.
-Aarão devia se chamar só Arão. – falou Ébano.
-A-A-Arão. – gaguejou Braiim.
Ele riu.
-Então tu me farás crer que Abraão se chamava Abrão? – insultou Nael.
-Bala-a-ão. – brincou Braiim.
-Não discutas por tão pouco, Nael. – disse Ele. – Moisés foi um escriba muito importante, pois Deus apareceu a ele em meados de 2213.
- O Ano do Mundo? – perguntou Ébano.
-Como sabe disso? – questionou Ele.
-Tu falaste.
Nael quer saber sobre a história do Ano do Mundo.
Braiim se interessa.
Dizem que os livros de Moisés ficaram desconhecidos por muito tempo.
- Foi o momento em que Deus impôs as regras à humanidade, por intermédio do profeta.
-Momento de regras? – disse Nael.
-Não, momento de sabedoria, razão, fábulas, fé, seitas, obediências, estorvos, doenças, prazeres, pecados, ídolos. – disse Ele.
-Ano da mulher – atrapalhou Braiim. –A mulher é o futuro, sem ela não há vida.
Ele riu. Concordou. Mas concluiu.
-Ano em que o mundo deixou de ser apenas mundo para servir de base aos homens da Terra.
-Mas o mundo já existia. – indagou Nael.
-Sim, mas Deus deixou seu recado, largou o mundo nas mãos dos homens. E disse que um dia voltará.
-Deus já esteve aqui na Terra? – perguntou Ébano.
-Como carne e matéria? Várias vezes. Mas nosso Senhor continua aqui. Em todo lugar. Em seu pensamento. Em sua leitura. Em sua manifestação. Em seu sonho. Em seu alimento. Em sua razão e certeza. Em seu desconhecimento. Em sua alma. Em seu extremo. Em seu presente corpo espiritual e em sua mensagem de paz.
-Então se Ele está em tudo também pode estar no cocô daquela cabra? – ironizou Braiim.
-De certa forma.
-Braiim vai queimar no fogo do inferno. – apontou Nael.
Silvanus, que está com o bando a frente, comunica a parada na fonte de Elias.
As árvores dão sombra. Das pedras cavernosas cai a água.
Uma nascente serve para matar a sede.
Todos vão se encontrando e se posicionando em fila para beber da fonte.

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