19 March 2010

Da Carne Mística

Pururucana encosta o carro onde o guarda Lemos e cabo Verão conversam com dois mendigos nos arredores da cidade pequena. Sujos e com sacolas plásticas eles estão parados até que o guarda Lemos empurra um dos fracos ao chão. Pururucana sai do carro e grita:
-O que é isso, Lemos? Está batendo em ninguém?
-Fique na sua. Estes estão vagando por aí. Não é da sua conta.
O que está em pé encara o guarda Lemos e se vira para Pururucana.
-Queremos passar, esta é a única passagem para onde vamos. Não ficaremos na vossa cidade. É só a última passagem. Nem voltaremos.
O cabo Verão levanta o que está no chão, guarda Lemos com a palma da mão cala o sujeito. Pururucana chega perto dos homens.
-Pra onde vão?
-Não temos certeza, mas sabemos que é nesta direção – responde o mais velho que se levantou –, e muitos nos esperam.
-Deixe-nos passar, por favor. Não incomodaremos.
Guarda Lemos respira fundo, estufa o peito e, antes de proibir alguma coisa, Pururucana intervém.
-Entre no meu carro. Levo vocês.
-Pururucana! – brota de dentro do guarda Lemos.
-Não há problema, Lemos. Vamos entrem no carro.

*

Labels:

0 Comments:

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home