10 September 2013

In Coma

-Joel! – alguém o chama novamente, mas não há ninguém por perto. – Aqui em baixo!
 A cobra de listras vermelha e azul, América, rastejando sobre o gramado verde.
-Vim devolver o seu olfato. – disse a cobra. Joel agradece, mas a cobra lhe dá uma notícia desagradável – em compensação comi seu amigo sapo.
-O quê? – Joel viu que o sapo poderia lhe ajudar a voltar para a Terra.
-Sim, ele queria liquidar comigo e o comi antes que alguém me matasse por ele.
-Eu precisava dele pra voltar...
-Precisava nada, esse sapo iludia os coitados, propondo lugares inusitados e atalhos para chegar à Deus em troca de minha destruição.
-Então não existe esse negócio de entrar na pedra e voltar? – perguntou.
-Lógico que não. – respondeu a cobra mostrando a língua. Joel suspeitou. Ninguém falou bem dela enquanto esteve nesse lugar. Ela está mentindo, pensou.
Seguiu o caminho para o local onde o sapo ficava, perto das pedras. A cobra ficou zombando dele enquanto caminhava mais aflito. Sua oportunidade estava indo para o espaço. A cobra comeu o pobre do sapo, só porque ele não gostava de seus conceitos, da sua arrogância, de seus furtos excessivos e de suas dívidas com as pessoas. Pelo menos devolveu a Joel o olfato.
Quando encontra o caminho vê que no lugar do sapo está Abrão. Sentado e olhando para Joel. Atrás dele aparece a bela garota, dedo-duro, pensou Joel.
-Quer voltar mesmo, hein. – disse Abrão se levantando. –Aqui é o seu lugar, Joel.
*

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