Da Carne Mística
Boris transpira impareja pela testa, sobe os dois degraus da
recepção do Hotel Flora, sente uma fincada na lomba e é chamado pelo nome por
uma funcionária elegante na recepção.
-Olá Senhor Boris! Senhor...
-Como sabe quem sou? – espanta-se.
-Temos a reserva paga pela prefeitura – sorri a
recepcionista.
Duharte se mantêm vivo nas luzes invisíveis do alto
quádruplo do primeiro teto. A recepcionista do hotel dá a volta no balcão, enquanto
Boris encosta os braços e pergunta:
-Como sabe meu nome?
Duharte chega ao balcão e olha a televisão insuportável
vendendo os espetáculos dos próximos dias.
A funcionária responde a Boris que as informações estão vivas
e que o retroprojetor depende da pulseira ativa.
-Você nunca viu esta pulseira?
Boris nega com a cabeça e observa uma pulseira prata na
recepcionista.
-Veja – ensina a recepcionista – abro uma tela com a
mente...
Um holograma retangular se abre na frente de Boris;
-... teclo na câmera e aponto para seu companheiro.
Duharte está maravilhado com um anúncio na televisão do
Hotel Flora. O retângulo clica uma foto de Duharte de perfil e logo aparece sua
foto, com nome em branco, localização não definida. A recepcionista, vê que há
algo de errado com a pulseira e repete a operação.
-Mas quanto custa?
-Sete um por dia – sorri a recepcionista. – Você pode
comprar esta pulseira... Não consigo localizar o seu amigo, mas dá pra você ver
qualquer pessoa, o que ela faz e o que já fez na vida, onde mora e muito mais.
Duharte grita:
-Boris, jogo! Jogo!
Ele acalma Duharte enquanto vê uma propaganda de um jogo de
futebol e a recepcionista ativa a estadia.
-Quarto 23, sigam neste corredor.
-Não há chave?
-Não, apenas seus olhos abrem a porta.
Duharte está empolgado com o jogo, Boris diz que vai levá-lo
no quarto e volta pra saber da pulseira.
*
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