In Coma
Ele relata um movimento branco lááá no meio do campo. Pensa ser uma vaca, um pássaro, mas aos poucos repara que dali vem uma pessoa correndo em direção ao muro.
Confirma: É uma mulher de vestido! Na verdade, é uma garotinha que vem correndo em direção ao muro. Joel se espanta mais ainda quando percebe que na versão contrária do muro há também uma menina de branco, só que essa parece que corre em câmera lenta – ou melhor, ela não é tão depressa quanto a outra -. Num rápido movimento, Joel se volta para a primeira paisagem e vê a menina já parada próxima ao muro, como se desse tempo de já estar ali, naquela velocidade de sua corrida. O coração dele dispara e quando se volta para a paisagem do outro lado vê que a outra menina (a mais lenta) também está nos mesmos metros de distância. As duas garotinhas são iguais e, no susto, ele fica desequilibrado e escorrega do muro. Cai na grama. E em desespero, por encontrar duas imagens análogas ao mesmo tempo, pula novamente para alcançar o muro. Ele consegue na primeira tentativa e se senta no concreto cinza. Agora é o pior: as duas meninas já estão sentadas no muro uma de cada lado. Só que cada uma com os pés virados para lados diferentes. O mais estranho é que tudo acontece como mágica. Joel nada pode fazer e o que prefere é não olhar, não encontrar os olhos das meninas, mas sente que as duas erguem os seus braços para a sua direção, estendendo-lhes as palmas das mãos. A pressão aumenta, percebe que terá que sair daquele lugar de qualquer jeito. Entende também que terá que decidir entre uma ou outra – já que só elas podem mostrar e dizer sobre o caminho ou sobre o que está acontecendo. A fala de Joel parece não sair de angústia. As duas garotinhas são bonitas e também são idênticas. A propósito, quase. Se não fosse por um simples detalhe que Joel observa com atenção. Uma delas tem as unhas dos pés sujas (quase negras) e mal cortadas. É um detalhe e tanto. Joel olha para a menina com os pés sujos e avisa que vai descer do outro lado. A menina de pés sujos lhe toca o ombro e sem dizer nada desce para o seu lado. Ela lhe passa uma desaprovação e apresenta seu rosto triste. A outra menina que está com ele em cima do muro lhe dá um sorriso e estende a mão. Joel percebe uma pequena diferença – e algo que o faz desaprovar da decisão -. O sorriso dela é sarcástico demais para uma doce menina de unhas limpas, sua cabeça é um pouco inclinada para baixo, em movimento pequeno, e ela tem um olhar que fica na direção das sobrancelhas. E pasmem! A menina desce primeiro e na preparação do pulo, Joel percebe outra coisa que o deixou intrigado, a unha do dedo mindinho da mão esquerda dela está pintada de vermelho! A menina chama Joel na grama com um gesto, mas ele olha para o outro lado da paisagem e não vê mais a menina de unhas sujas. Ele decide pular para o lado contrário da garota de unha vermelha que, observando a decisão de Joel, vai ao encontro dele por cima do muro, com uma cara demoníaca e um zumbido alto e ensurdecedor, mas não atravessa para o outro lado. Joel, com o rosto ainda na grama, percebe a chegada dos pés de unhas sujas da menina. Ela o ajuda a se levantar com um sorriso bonito, o que lhe dá a impressão de uma escolha certa. Joel fica mais tranqüilo, apesar de estar ainda assustado com tudo isso. “Deve ser sonho”, pensa.
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Confirma: É uma mulher de vestido! Na verdade, é uma garotinha que vem correndo em direção ao muro. Joel se espanta mais ainda quando percebe que na versão contrária do muro há também uma menina de branco, só que essa parece que corre em câmera lenta – ou melhor, ela não é tão depressa quanto a outra -. Num rápido movimento, Joel se volta para a primeira paisagem e vê a menina já parada próxima ao muro, como se desse tempo de já estar ali, naquela velocidade de sua corrida. O coração dele dispara e quando se volta para a paisagem do outro lado vê que a outra menina (a mais lenta) também está nos mesmos metros de distância. As duas garotinhas são iguais e, no susto, ele fica desequilibrado e escorrega do muro. Cai na grama. E em desespero, por encontrar duas imagens análogas ao mesmo tempo, pula novamente para alcançar o muro. Ele consegue na primeira tentativa e se senta no concreto cinza. Agora é o pior: as duas meninas já estão sentadas no muro uma de cada lado. Só que cada uma com os pés virados para lados diferentes. O mais estranho é que tudo acontece como mágica. Joel nada pode fazer e o que prefere é não olhar, não encontrar os olhos das meninas, mas sente que as duas erguem os seus braços para a sua direção, estendendo-lhes as palmas das mãos. A pressão aumenta, percebe que terá que sair daquele lugar de qualquer jeito. Entende também que terá que decidir entre uma ou outra – já que só elas podem mostrar e dizer sobre o caminho ou sobre o que está acontecendo. A fala de Joel parece não sair de angústia. As duas garotinhas são bonitas e também são idênticas. A propósito, quase. Se não fosse por um simples detalhe que Joel observa com atenção. Uma delas tem as unhas dos pés sujas (quase negras) e mal cortadas. É um detalhe e tanto. Joel olha para a menina com os pés sujos e avisa que vai descer do outro lado. A menina de pés sujos lhe toca o ombro e sem dizer nada desce para o seu lado. Ela lhe passa uma desaprovação e apresenta seu rosto triste. A outra menina que está com ele em cima do muro lhe dá um sorriso e estende a mão. Joel percebe uma pequena diferença – e algo que o faz desaprovar da decisão -. O sorriso dela é sarcástico demais para uma doce menina de unhas limpas, sua cabeça é um pouco inclinada para baixo, em movimento pequeno, e ela tem um olhar que fica na direção das sobrancelhas. E pasmem! A menina desce primeiro e na preparação do pulo, Joel percebe outra coisa que o deixou intrigado, a unha do dedo mindinho da mão esquerda dela está pintada de vermelho! A menina chama Joel na grama com um gesto, mas ele olha para o outro lado da paisagem e não vê mais a menina de unhas sujas. Ele decide pular para o lado contrário da garota de unha vermelha que, observando a decisão de Joel, vai ao encontro dele por cima do muro, com uma cara demoníaca e um zumbido alto e ensurdecedor, mas não atravessa para o outro lado. Joel, com o rosto ainda na grama, percebe a chegada dos pés de unhas sujas da menina. Ela o ajuda a se levantar com um sorriso bonito, o que lhe dá a impressão de uma escolha certa. Joel fica mais tranqüilo, apesar de estar ainda assustado com tudo isso. “Deve ser sonho”, pensa.
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